sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Culpa dos cabelos.


“PERDEU-SE dele logo após encontrá-lo, numa véspera de São João. Não sabia que ia perdê-lo, não sabia sequer que iria encontrá-lo. Não sabia também da véspera - junho, São João.”

(Caio Fernando Abreu: Os dragões não conhecem o paraíso)

Só ela sabe e guardava esse segredo consigo.
O tinha visto naquela tarde, naquele lugar que lhe era familiar, nem sabia de sua existência, mas o notara desde o primeiro momento – quando saído de dentro do seu automóvel chega mais perto e cumprimenta um amigo em comum e aos demais (não a ela em especial) – para si não tinha importância, era apenas mais um simpático e que lhe atraia pelo fato de não atrair mais ninguém.
Sem que entendesse ela o encontrava casualmente e deixava tudo da mesma forma que havia sido no “primeiro encontro”... Ela agora o conhecia, ele continuava sem saber. Nada foi forçado, mas ela não sabe quando nem como foi notada. O que havia de acontecer, foi. Ela apenas tentava propiciar encontros (sem que ele notasse sua presença), mas juntos. Alguém dos sonhos, das vontades, dos desejos mais profundos. Motivo de comentários e questionamentos para com os amigos ou até mesmo com aqueles que eram amigos do dito. Tinha que haver uma chance, alguma descoberta importante sobre. Buscou, fuçou e descobriu que sua presa era fácil. “Ele é uma pessoa dada.” Disseram.
Não queria mais ser anônima, mas também não iria assumir-se. Foi ser amiga, conhecida, mas amiga só.
Mas como diria, o destino encarregou-se de surpreender a sofredora de amor e numa noite despretensiosa, numa festa de música caipira ela teve a oportunidade que precisava e viveu.
Foi muito feliz, gostou, apaixonou-se, iludiu-se, decepcionou-se e continuou sendo amiga e continuará o sendo, se o acaso/destino permitir...

*Um breve relato sobre a longa história dos cabelos culpados.

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